A afirmação é ERRADA.
Explicação:
O processo de unificação nacional da Alemanha, comandado pelo prussiano Otto von Bismarck, não se deu sob a orientação do projeto liberal-democrático, herdeiro ideológico das revoluções de 1848, mas sim sob a orientação do projeto militarista-conservador.
Contexto histórico:
As revoluções de 1848, conhecidas como a "Primavera dos Povos", foram marcadas pelo levante de movimentos liberais e nacionalistas em diversos países europeus, inclusive nos Estados germânicos. Na Confederação Germânica, houve a tentativa de unificar os Estados alemães sob uma constituição liberal-democrática, elaborada pela Assembleia de Frankfurt. Essa Assembleia buscava estabelecer um Estado nacional unificado, com liberdades civis, governo representativo e direitos democráticos.
Fracasso do projeto liberal-democrático:
No entanto, o projeto liberal-democrático fracassou. A proposta de coroar o rei da Prússia, Frederico Guilherme IV, como imperador de uma Alemanha unificada foi rejeitada pelo próprio monarca, que não aceitava uma coroa oferecida por um parlamento popular. Além disso, faltava apoio militar e político para sustentar as mudanças propostas. Com a restauração da ordem conservadora, liderada pela Áustria e pela Prússia, as aspirações liberais foram esmagadas, e muitos líderes foram perseguidos ou exilados.
Ascensão do projeto militarista-conservador:
Em contraste, Otto von Bismarck, que se tornou primeiro-ministro da Prússia em 1862, era um político conservador, aristocrata da classe Junker, que defendia o fortalecimento do Estado prussiano sob a monarquia autoritária. Bismarck acreditava que a unificação alemã deveria ser alcançada não por debates parlamentares ou ideais liberais, mas por meio da força militar e da diplomacia pragmática — conceito que ele resumiu na famosa expressão "ferro e sangue" ("Eisen und Blut").
Realpolitik e unificação pela força:
Bismarck implementou a Realpolitik, uma política prática e objetiva que priorizava os interesses do Estado acima de ideologias. Ele conduziu três guerras decisivas para a unificação alemã:
- Guerra dos Ducados (1864) contra a Dinamarca, que resultou na anexação de Schleswig e Holstein.
- Guerra Austro-Prussiana (1866), que expulsou a influência austríaca dos assuntos alemães e levou à formação da Confederação da Alemanha do Norte sob liderança prussiana.
- Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), que despertou o sentimento nacionalista alemão contra um inimigo comum e culminou na proclamação do Império Alemão no Salão dos Espelhos em Versalhes.
Conclusão:
Dessa forma, o processo de unificação alemã liderado por Bismarck foi dominado pelo projeto militarista-conservador, não pelo liberal-democrático. Embora elementos do nacionalismo estivessem presentes, eles foram utilizados por Bismarck para fortalecer o Estado autoritário prussiano e consolidar o poder da monarquia e da aristocracia, em vez de promover reformas liberais ou democráticas.
Portanto, a afirmação de que a unificação se deu sob a orientação do projeto liberal-democrático, herdeiro das revoluções de 1848, é incorreta.
Comentário automático feito pela inteligência artificial do Clipping.ai apenas para referência. Comentários dos nossos professores virão a seguir.