Yedda Linhares, Boris Fausto e Carlos Ungaretti discordam do gabarito em suas obras.
São vários pontos a serem destacados, mas acho importante falar já de cara que a indicação de Júlio Prestes como seu sucesso não ocorreu em 1930 - ano da eleição - mas em 1929
Para Carlos Alberto Ungaretti Dias, a política dos governadores foi rompida apenas na revolução de 30.
[…] A “política dos governadores” é considerada a última etapa da montagem do sistema
oligárquico ou liberalismo oligárquico, que permitiu, de forma duradoura, o controle do
poder central pela oligarquia cafeeira. Esse domínio se manifestou na hegemonia política
dos estados de São Paulo e Minas Gerais na indicação dos presidentes da República, a
chamada “política do café-com-leite”, que vigorou até a Revolução de 1930. […]
Já para Maria Yedda Linhares (História Geral do Brasil, 10ª edição), o rompimento da política dos governadores se dá em outro momento, que não esse de 1930. Ela diz, nas palavras dela, que se trata de um processo e que o momento de real ruptura seria aquele de 1929 que é quando se pode falar desse rompimento da aliança oligárquica.
[…] As rebeliões tenentistas da década foram o mais cabal exemplo da eclosão simultânea de questionamentos ‘de dentro’ e ‘de fora’ do pacto político, alastrando-se a rebeldia desse setor intermediário da oficialidade militar justamente quando, em 1922, as oligarquias do Rio Grande do Sul, da Bahia, de Pernambuco e do Rio de Janeiro uniram-se contra a candidatura do eixo Minas/São Paulo formando a Reação Republicana.[…] No interregno, o sistema político manter-se-ia em equilíbrio instável, acumulando as contradições que somente seriam superadas à custa de sua própria negação, em torno da crise de 1929. […]
[…]As eleições preparadas de 1929 foram o termômetro imediato da rearticulação das forças políticas e sociais nessa conjuntura, marcada por nova cisão oligárquica que, além de agrupar frações dominantes em uma frente regional conhecida como Aliança Liberal […] De sua derrota pela via eleitoral resultaria o recurso às armas. […] fonte: História Geral do Brasil, 10ª edição
Assim como Ungaretti, a autora também destaca que o próprio golpe de 1930 pode ser considerado como o deslocamento da tradicional oligarquia paulista do epicentro do poder.
[…] O golpe de outubro de 1930 resultou no deslocamento da tradicional
oligarquia paulista do epicentro do poder, enquanto que os demais setores
sociais a ele articulados e vitoriosos não tiveram condições, individualmente,
nem de legitimar o novo regime, nem tampouco de solucionar a crise
econômica. […] fonte: História Geral do Brasil, 10ª edição
Já para Boris Fausto, na obra História do Brasil, o autor também argumenta que houve uma ruptura da aliança já em 1929 e não em 1930, isso porque o autor argumenta que essa indicação de Júlio Prestes como seu sucesso não ocorreu em 1930 - ano da eleição - mas em 1929, o ano anterior.
[…] A articulação de uyma canditadura de oposição partiu do governador de Minas - Antônio Carlos Ribeiro de Andrada. Para lançar o Rio Grande em uma contenda que representaria uma ruptura na acomodação com o governo federal e a perda das vantagens que isso significava, era preciso oferecer aos gaúchos a própria presidência. Em meados de 1929, após várias conversações, as oposições lançaram as candidaturas de Getúlio Vargas à presidência e de João Pessoa à vice-presidência. João Pessoa era sobrihnho de Epitácio Pessoa e governador da Paraíba. Formaram, ao mesmo tempo, a Aliança Liberal, em nome da qual seria feita a campanha. Getúlio recebeu o apoio dos democráticos de São Paulo, enquanto em Minas uma cisão do PRM apoiou Júlio Prestes. […]