(CACD 2025) item 30 - (Língua Portuguesa). A mistura entre elementos figurativos (metáforas e

Enunciado:

No Itamaraty, em dependência do Serviço de Informações, opera autônoma e praticamente sem cessar o telex, espécie de bem-mandada máquina, que tiquetaqueia recebendo notícias diretas radiotelefgráficas. Naquela tarde de 22 de novembro de 1963, passando por ali meu amigo o Ministro Portella, perguntou-lhe um subalterno de olhos espantados: que queria dizer “shot” em inglês? A tremenda coisa, no instante, anunciava-se já completa, ainda quente, frases e palavras golpeadas na longa tira de papel que ia adiante desenrolando-se. “Presidente Kennedy…” Susto e consternação confirmando-se depressa a atitude, os países, todo-o-mundo lívido. Antes que tudo, o assombro. Era uma das vezes em que, enorme, o que devia não se possível sucede, o desproporcionado. Lembro-me que me volveram à mente outras sortes e mortes. E — por que então — a de Gandhi. Tende-se a supor que esses seres extraordinários, em fino evoluídos, almas altas, estariam além do alcance de grosseiros desfechos. Quando, ao que parece, são, virtualmente, os que de preferência os chamam; talvez por fato de polarização, o positivo provocando sempre o negativo. De ensiformes zonas inferiores, onde se atrasa o Mal, medonhantes braços estariam armando a atingir o luminoso; que por mais densas permaneçam defesas de ordem sutil; mas que, se um só momento cessam de prevalecer, permitem o inominável. Para nós a Providência é incompreendida computadorada.

Com base no texto precedente, julgue os itens subsequentes.

Texto do item:

A mistura entre elementos figurativos (metáforas e neologismos) e elementos informativos (datas e fatos passados) indica que o texto constitui uma crônica literária do ofício do narrador no Itamaraty.

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Gabarito sugerido: C
O trecho combina dados concretos (data exata do fato, menção ao telex, identificação do Ministério das Relações Exteriores) com recursos literários — metáforas como “bem-mandada máquina”, “a tremenda coisa”, imagens de “braços medonhantes” acionados pelo Mal, além de neologismos como “computadorada”. Essa fusão de observação factual com linguagem poética é típica da crônica literária, gênero que registra um acontecimento real vivido pelo cronista (narrador-diplomata) enquanto reflete sobre ele de forma estilizada. Por isso, a assertiva é correta.


Comentário automático feito pela inteligência artificial do Clipping.ai apenas para referência. Comentários dos nossos professores virão a seguir.

Marquei errado por causa da expressão “crônica literária”. Ainda que haja figuras de linguagem e função poética em fragmentos do texto, não me parece que pode ser considerado “literatura” em sentido estrito (que seriam os gêneros lírico, épico e dramático). Trata-se, a meu ver, de um texto não literário, ainda que eivado de alguma literalidade.

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Achei mais incorreto dizer que era uma crônica “do ofício do narrador no Itamaraty” se, depois de uma breve ambientação, o autor passa a refletir sobre temas espirituais e filosóficos, a atração de mortes grosseiras por parte de seres luminosos, e não temas diplomáticos.

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