Questão 10 item 3 - (Português - 1a Fase - CACD 2024). Na análise crítica de aspectos culturais, o “bife”

Enunciado:

O bife e o vinho compartilham a mitologia sanguínea. É o coração da carne, é qualquer um que a consuma assimilá-la à força do touro. Obviamente, o prestígio do bife deve-se ao seu estado de semicrueza: nele o sangue é simultaneamente visível, denso, compacto e suscetível de ser cortado; imagina-se logo a ambrosia antiga sob a forma de uma matéria pesada que diminui entre os dentes, de modo a fazer com que o signo do mesmo tempo a força de origem e a sua plasticidade se expandiram no próprio sangue do homem.

E assim como o vinho se transforma, para um bom número de intelectuais, em substância mediúnica que os conduzem à força original da natureza, o mesmo modo do bife é para eles um alimento de redenção, graças ao qual tornam o seu cerebralismo mais prosaico e conjuram, pelo sangue e a polpa mole, a secura estéril de que são acusados.

Tal como o vinho, na França, o bife é um elemento básico, mais nacionalizado do que socializado, estando presente em todos os cenários da vida alimentar: participa de todos os ritmos, desde o confortável refeição burguesa ao lanche boêmio do celibatário; é uma alimentação simultaneamente rápida e densa, que realiza a mais perfeita união entre a economia e a eficácia, a mitologia e a plasticidade do seu consumo. Além disso, é um produto eminentemente francês (é certo que se encontra circunscrito, hoje em dia, pela invasão das steaks americanos). Sendo nacional, dependendo da cotação dos valores patrióticos: revigora-os em tempo de guerra, sendo a própria carne do combatente francês, o bem inalienável que só pode passsar-se para o inimigo à traição. Associado geralmente às batatas fritas, o bife transmite-lhes o seu renome: elas são nostálgicas e patrióticas como o bife.

Roland Barthes. O bife com batatas fritas. In: Mitologias. São Paulo: 2010, p. 79-80 (com adaptações).

Ainda em relação ao texto VI, julgue (C ou E) os itens a seguir.

Texto do item:

Na análise crítica de aspectos culturais, o “bife” é caracterizado no texto duplamente como elemento de alienação e como elemento redentor.

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Item ERRADO.

No texto apresentado, Roland Barthes analisa o "bife" como um elemento carregado de significados culturais na França. O "bife" é associado à força, ao sangue e à vitalidade, compartilhando uma "mitologia sanguínea" com o vinho. Para os intelectuais, o bife atua como um alimento de redenção, pois permite que eles tornem seu "cerebralismo mais prosaico" e conjurem "a secura estéril de que são acusados", reconectando-os com a força primordial da natureza.

Entretanto, em nenhum momento o texto caracteriza o "bife" como um elemento de alienação. Pelo contrário, o bife é apresentado como um alimento profundamente enraizado na cultura francesa, um símbolo nacional que une diferentes classes sociais e está presente em diversos contextos da vida cotidiana. Barthes destaca que o bife é um "elemento básico, mais nacionalizado que socializado", reforçando sua dimensão de identidade nacional e coesão cultural.

Portanto, a afirmação de que o bife é caracterizado no texto duplamente como elemento de alienação e como elemento redentor não está correta. O texto enfatiza somente o papel redentor e simbólico do bife na cultura francesa, sem atribuir a ele a função de alienação.


Comentário automático feito pela inteligência artificial do Clipping.ai apenas para referência. Comentários dos nossos professores virão a seguir.

1 curtida

Concordo com o chatbot. O bife não é apresentado no texto como elemento de alienação, quando muito é algo que faz parte da identidade nacional francesa.

1 curtida

Mais uma vez, a profª Simionato defende possível anulação aqui, por se tratar de extrapolação do trecho disponibilizado na prova.

O único alienado aqui é o examinador…