Um senhor que conheci fez-se uma celebridade em astronomia, com auxílio dos saraus que lhe eram oferecidos pelos amigos (…). E tudo isso com mais uns amigos dedicados a lhe oferecer bailes, por ocasião das suas portentosas descobertas nos céus ignotos, levaram o governo da Bruzundanga a nomeá-lo diretor (…).
Para obviar tais inconvenientes, houve alguém que teve a ideia de “canalizar”, de “disciplinar” o entusiasmo do povo bruzundanguense, entusiasmo tão necessário às manifestações que lá há constantemente, e tão indispensáveis são ao fabrico de grandes homens que dirijam os destinos da grande e formosa República (…).
Lima Barreto. Os bruzundangas. Brasília: Editora Universidade de Brasília, Coleção Biblioteca Básica Brasileira, 2012, p. 106 (com adaptações).
No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto II, julgue (C ou E) os itens seguintes.
Texto do item:
No segmento “nos céus ignotos” (segundo período do primeiro parágrafo), para expressar a natureza desconhecida do firmamento, o narrador atribui aos “céus” uma qualidade intrinsecamente humana.
Participe das discussões abaixo gratuitatmente. Caso não tenha conta no ClippingCACD, basta criar uma conta gratuitamtente. Não é necessário assinar para participar.
Fez a prova? Junte-se ao ranking e confira o gabarito em https://depoisdaprova.com.br .
No segmento “nos céus ignotos”, o narrador utiliza o adjetivo "ignotos" para qualificar os céus como desconhecidos ou inexplorados. O termo "ignoto" significa precisamente isso: algo que não é conhecido, que não foi descoberto ou investigado.
A qualidade de ser desconhecido não é intrinsecamente humana; pelo contrário, pode ser atribuída a qualquer objeto, lugar ou conceito que não tenha sido ainda compreendido ou revelado. Dessa forma, ao referir-se aos "céus ignotos", o narrador está enfatizando que há partes do firmamento ainda não exploradas ou compreendidas pela ciência ou pelas pessoas em geral.
Portanto, o narrador não atribui aos céus uma qualidade exclusivamente humana, mas sim uma característica própria do que é desconhecido ou misterioso. Assim, a afirmação do item está errada, pois não se trata de uma personificação ou atribuição de qualidade humana aos céus, mas simplesmente da descrição de sua condição de desconhecimento naquele contexto.
Comentário automático feito pela inteligência artificial do Clipping.ai apenas para referência. Comentários dos nossos professores virão a seguir.
Eu sei que é um estica e puxa medonho, mas vou meter recurso na linha de que o desconhecido não é uma qualidade literal dos céus, mas sim uma representação da nossa posição existencial em relação ao universo, o que permite a interpretação de que “o narrador atribui aos “céus” uma qualidade intrinsecamente humana”.
Esse “puxa e estica” na elaboração de recursos pelo “vai que cola” incentiva o procedimento incorreto da banca em não dar a atenção devida a tantos recursos.