Enunciado:
Afinal, os homens nascem iguais, apenas sem uma definição completa da natureza.
Em Rousseau, por exemplo, com a noção do “bom selvagem”, essa ideia estaria absolutamente presente.
A alteridade desses “novos homens” transformada em modelo lógico se contrapunha à experiência ocidental. Como conclui Rousseau sobre a origem da desigualdade entre os homens, “se há uma bondade original da natureza humana, a evolução social corrompeu-a”.
O famoso filósofo da Ilustração encontrava um modelo ideal nesse “outro” tão distante do “nós, ocidentais”, e o elegia como moralmente superior. No entanto, ao conformar esse quadro antitético, Rousseau de certa forma se afastava da Ilustração, já que refletia sobre um progresso às avessas.
Mas, se a visão idílica de Rousseau foi a mais fecunda, é impossível deixar de falar das vertentes mais negativas de sua interpretação. As imagens que detrataram o Novo Mundo se intensificaram, simetricamente correspondentes ao maior conhecimento e colonização desses novos territórios. É o momento em que se passa da projeção da inocência à inata maldade do selvagem.
Esse debate — que opunha o modelo igualitário da Ilustração às doutrinas raciais — faz parte, no entanto, de um problema mais remoto, sobre as origens da humanidade.
De um lado, a visão monogenista, dominante até meados do século XIX; de outro, a partir de então, a hipótese poligenista, que se transformava em uma alternativa plausível. Alguns de seus autores da crença na existência de vários centros de criação, que corresponderiam, por sua vez, às diferenças raciais observadas.
Ainda em relação ao texto III, julgue (C ou E) os itens a seguir.
Texto do item:
No primeiro período do quinto parágrafo, a conjunção subordinativa “se” introduz uma condição real, o que é evidenciado pelo modo verbal empregado na oração em que ocorre.
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Resposta: CERTA
A assertiva está correta. No primeiro período do quinto parágrafo, a conjunção subordinativa "se" introduz uma condição real. O período é:
"Mas, se a visão idílica de Rousseau foi a mais fecunda, é impossível deixar de falar das vertentes mais negativas de sua interpretação."
Analisando a estrutura da frase, temos uma oração subordinada condicional introduzida por "se": "se a visão idílica de Rousseau foi a mais fecunda".
O verbo "foi" está no pretérito perfeito do indicativo, indicando um fato consumado no passado. O uso do modo indicativo nessa oração subordinada condicional sinaliza que a condição é apresentada como um fato real ou possível, e não hipotético ou irreal. Em condições reais, o modo verbal empregado costuma ser o indicativo, pois trata de eventos considerados verdadeiros ou prováveis pelo falante.
Portanto, a conjunção "se" introduz uma condição real, evidenciada pelo emprego do verbo no indicativo ("foi") na oração em que ocorre. O enunciado está correto ao identificar essa relação entre a conjunção "se", a condição real e o modo verbal utilizado.
Comentário automático feito pela inteligência artificial do Clipping.ai apenas para referência. Comentários dos nossos professores virão a seguir.
Eu achei que esse “se” fosse causal. “Uma vez que que a visão de Rousseau foi mais fecunda, é impossível falar…”
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Eu entendi esse “se” como concessivo…
Eu também entendi como concessiva. “ainda que visão idílica de Rousseau tenha sido a mais idílica, é impossível…”
Trata-se de SE com valor concessivo: “…embora a visão idílica de Rousseau fosse mais fecunda, é impossível deixar de falar das vertentes mais negativas de interpretação”
A conjunção “se” é utilizada em sentido concessivo, portanto o trecho poderia ser reescrito da seguinte maneira: “Mas, apesar de a visão idílica de Rousseau ser a mais fecunda, é impossível deixar de falar das vertentes mais negativas de interpretação” ou ainda “Mas, embora a visão idílica de Rousseau seja a mais fecunda, é impossível deixar de falar das vertentes mais negativas de interpretação.” Conjunções condicionais expressam uma relação de dependência entre duas orações, ou seja, o resultado de uma ação depende de uma condição expressa na outra oração, por exemplo: “se chover, não irei à praia”, portanto, “só irei à praia se não chover.” Nesses exemplos, a ação de ir à praia depende necessariamente da inexistência de chuva e só se efetiva se não houver chuva. Contudo, esse não é o caso da frase de Lilia Moritz Schwarcz. A autora não está falando que “só seria possível deixar de falar das vertentes mais negativas de interpretação, se a visão idílica de Rousseau não fosse a mais fecunda.” Não há relação de dependência entre as duas orações. Isto é, o fato de “a visão idílica de Rousseau ser a mais fecunda” NÃO É CONDIÇÃO necessária para “ser impossível deixar de falar das vertentes mais negativas de interpretação”. Se esse fosse o caso, significaria que só seria possível falar das vertentes negativas de interpretação, caso a visão de Rousseau fosse a mais fecunda. Todavia, é claro que é sim possível falar das vertentes negativas de interpretação, INDEPENDENTEMENTE de a visão de Rousseau ser ou não a mais fecunda.