Enunciado:
Afinal, os homens nascem iguais, apenas sem uma definição completa da natureza.
Em Rousseau, por exemplo, com a noção do “bom selvagem”, essa ideia estaria absolutamente presente.
A alteridade desses “novos homens” transformada em modelo lógico se contrapunha à experiência ocidental. Como conclui Rousseau sobre a origem da desigualdade entre os homens, “se há uma bondade original da natureza humana, a evolução social corrompeu-a”.
O famoso filósofo da Ilustração encontrava um modelo ideal nesse “outro” tão distante do “nós, ocidentais”, e o elegia como moralmente superior. No entanto, ao conformar esse quadro antitético, Rousseau de certa forma se afastava da Ilustração, já que refletia sobre um progresso às avessas.
Mas, se a visão idílica de Rousseau foi a mais fecunda, é impossível deixar de falar das vertentes mais negativas de sua interpretação. As imagens que detrataram o Novo Mundo se intensificaram, simetricamente correspondentes ao maior conhecimento e colonização desses novos territórios. É o momento em que se passa da projeção da inocência à inata maldade do selvagem.
Esse debate — que opunha o modelo igualitário da Ilustração às doutrinas raciais — faz parte, no entanto, de um problema mais remoto, sobre as origens da humanidade.
De um lado, a visão monogenista, dominante até meados do século XIX; de outro, a partir de então, a hipótese poligenista, que se transformava em uma alternativa plausível. Alguns de seus autores da crença na existência de vários centros de criação, que corresponderiam, por sua vez, às diferenças raciais observadas.
Ainda em relação ao texto III, julgue (C ou E) os itens a seguir.
Texto do item:
Segundo a autora, a hipótese teórica poligenista tornou-se hegemônica no século XIX.
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A afirmativa está ERRADA.
Explicação:
No texto apresentado, a autora aborda o debate sobre as origens da humanidade, destacando as visões monogenista e poligenista no contexto do século XIX. Vamos analisar cuidadosamente o que o texto diz:
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Visão Monogenista Dominante até meados do século XIX:
"De um lado, a visão monogenista, dominante até meados do século XIX…"
Isso indica que, até a metade do século XIX, a teoria monogenista — que defende uma origem única para toda a humanidade — era a perspectiva predominante entre os estudiosos e intelectuais da época.
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Poligenismo como Alternativa Plausível a partir de meados do século XIX:
"…de outro, a partir de então, a hipótese poligenista, que se transformava em uma alternativa plausível."
A partir de meados do século XIX, o poligenismo — que propõe múltiplas origens independentes para as diferentes "raças" humanas — começou a ganhar espaço como uma alternativa plausível. Ou seja, essa teoria passou a ser considerada seriamente por alguns pesquisadores e pensadores, mas o texto não afirma que ela se tornou dominante ou hegemônica.
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Ausência de Indicação de Hegemonia do Poligenismo:
O texto não utiliza termos que indiquem que o poligenismo tenha se tornado a teoria hegemônica no século XIX. Palavras como "hegemonia", "predominante" ou "dominante" não são empregadas para descrever o status do poligenismo após meados do século XIX. Ao contrário, a autora enfatiza que ele se tornou uma "alternativa plausível", o que sugere que coexistia com o monogenismo, sem necessariamente suplantá-lo.
Conclusão:
Portanto, segundo a autora, embora o poligenismo tenha ganhado relevância e se apresentado como uma teoria alternativa no século XIX, ele não se tornou hegemônico nesse período. A hegemonia permaneceu com o monogenismo até meados do século XIX, e, posteriormente, o poligenismo passou a ser considerado seriamente, mas sem alcançar a posição dominante. Dessa forma, a afirmativa de que "a hipótese teórica poligenista tornou-se hegemônica no século XIX" é incorreta.
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