Ao estudioso das relações internacionais o principal foco está na interpretação do sentido e das implicações decorrentes dos fatos visíveis em dados ou em imagens transmitidas pelos noticiários. Pode-se pensar na questão como uma espécie de jogo de Lego: os acontecimentos, os fatos, os dados contidos em relatórios seriam como peças postas em uma caixa, mas a capacidade de reunir essas peças para formar figuras vai depender de recursos teóricos que permitam interpretar o significado e as conexões possíveis das peças. Raphael Spode e Gabriel G. Xavier Abordagens clássicas das relações internacionais São Paulo: Contexto Educacional, 2012, p. 23 (com adaptações)
Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue (C ou E) os itens a seguir, referentes ao período entre as duas guerras mundiais, à Segunda Guerra Mundial e a declarações da Organização das Nações Unidas (ONU).
Texto do item:
No período entre as duas grandes guerras mundiais, os únicos países europeus com instituições políticas adequadamente democráticas que funcionaram sem interrupção foram a Grã-Bretanha, a Finlândia, o Estado Livre Irlandês, a Suécia e a Suíça.
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A afirmação está incorreta porque, além da Grã-Bretanha, Finlândia, Estado Livre Irlandês, Suécia e Suíça, outros países europeus mantiveram instituições políticas democráticas funcionando adequadamente e sem interrupção no período entre as duas guerras mundiais (1918-1939).
Exemplos de países que também mantiveram democracias estáveis nesse período:
Noruega:
Contexto: A Noruega, que se tornou independente da Suécia em 1905, estabeleceu uma monarquia constitucional com um sistema parlamentar democrático.
Estabilidade Democrática: Durante o período entre as guerras, a Noruega manteve suas instituições democráticas sem interrupções significativas, com eleições regulares e governos representativos.
Dinamarca:
Contexto: A Dinamarca era uma monarquia constitucional com um sistema parlamentar estabelecido.
Estabilidade Democrática: Manteve contínua a prática democrática, sem golpes de Estado ou regimes autoritários, até a ocupação alemã em 1940.
Países Baixos (Holanda):
Contexto: Os Países Baixos tinham uma longa tradição de monarquia constitucional e democracia parlamentar.
Estabilidade Democrática: As instituições democráticas funcionaram sem interrupção entre as duas guerras, com governos eleitos e respeito às liberdades civis.
Bélgica:
Contexto: Apesar dos desafios decorrentes da Primeira Guerra Mundial, a Bélgica restaurou rapidamente suas instituições democráticas.
Estabilidade Democrática: O país manteve eleições regulares e governo parlamentar até a invasão alemã em 1940.
Luxemburgo:
Contexto: Luxemburgo era uma monarquia constitucional com um parlamento eleito.
Estabilidade Democrática: As instituições democráticas permaneceram estáveis durante todo o período entre guerras.
Tchecoslováquia:
Contexto: Criada em 1918, após o fim do Império Austro-Húngaro, adotou uma forma republicana e democrática de governo.
Estabilidade Democrática: Até o Acordo de Munique em 1938, que levou à ocupação nazista, a Tchecoslováquia foi uma democracia funcional e é frequentemente citada como uma das mais estáveis na Europa Central e Oriental nesse período.
Conclusão:
A afirmação exclui países que, de fato, mantiveram instituições políticas democráticas funcionando adequadamente e sem interrupção entre as duas guerras mundiais. Portanto, não é correto afirmar que apenas os países mencionados (Grã-Bretanha, Finlândia, Estado Livre Irlandês, Suécia e Suíça) tenham tido essa experiência democrática contínua. Outros países europeus também devem ser reconhecidos por sua estabilidade democrática durante esse período.
Comentário automático feito pela inteligência artificial do Clipping.ai apenas para referência. Comentários dos nossos professores virão a seguir.
O próprio trecho do Hobsbawm deixa claro que, em outros cinco países, a ruptura democrática ocorreu APÓS o início da Segunda Guerra. Se alguém quiser usar, lá tá assim:
“Em 1918-20, assembleias legislativas foram dissolvidas ou se tornaram ineficazes em dois Estados europeus, na década de 1920 em seis, na de 1930 em nove, enquanto a ocupação alemã destruía o poder constitucional em outros cinco durante a Segunda Guerra Mundial. Em suma, os únicos países europeus com instituições políticas adequadamente democráticas que funcionaram sem interrupção durante todo o período entreguerras foram a Grã-Bretanha, a Finlândia (minimamente), o Estado Livre Irlandês, a Suécia e a Suíça” (HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 115)
E em outra passagem, ele enumera esses cinco países:
“Na primavera de 1940, a Alemanha levou de roldão a Noruega, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica e França com ridícula facilidade” (HOBSBAWM: 1995, p. 46)
Massa, acho que essa lógica embasa um recurso. Achei referência de “entreguerras” como período delimitado entre 1919-1939 e vou pedir a anulação pela contradição entre a cronologia de bibliografias válidas.
Quem quiser usar, não esquece de usar as próprias palavras no que não for citação
Embora Hobsbawm considere eventos ocorridos durante a Segunda Guerra como parte do entreguerras, autores como Eugênio Vargas Garcia sustentam que o termo surgiu justamente para caracterizar o período entre o fim do primeiro conflito mundial e o começo do segundo:
“Por seu significado e impacto no modo de vida da belle époque, a Primeira Guerra Mundial é tida por muitos como o ponto de inflexão que assinala o final de uma era na história e inaugura o século XX. […] Mais tarde, o uso inadvertido do termo ‘entreguerras’, cunhado para isolar o período 1919-1939 como momento de fácil reconhecimento no tempo, contribuiu para simplificar uma realidade com características específicas em cada caso.”
VARGAS, Eugênio Garcia. Entre América e Europa: a política externa brasileira na década de 1920. Brasília, Editora da Universidade de Brasília/FUNAG, 2006, pg. 1.
Dessa forma, a existência de diferentes referenciais cronológicos fornecidos por bibliografias relevantes inviabiliza o julgamento objetivo da assertiva.
Além dos exemplos citados pelo BOT, é preciso dizer que a França manteve um regime democrático ininterrupto durante todo o período entre-guerras. Ainda que a III República Francesa tivesse uma grande rotatividade governamental, suas instituições democráticas funcionaram e as liberdades civis foram garantidas até a invasão alemã de 1940.