Questão 53 item 4 - (História Mundial - 1a Fase - CACD 2024). Segundo o economista John Maynard Keynes, após a P

Enunciado:

Ao estudioso das relações internacionais o principal foco está na interpretação do sentido e das implicações decorrentes dos fatos visíveis em dados ou em imagens transmitidas pelos noticiários. Pode-se pensar na questão como uma espécie de jogo de Lego: os acontecimentos, os fatos, os dados contidos em relatórios seriam como peças postas em uma caixa, mas a capacidade de reunir essas peças para formar figuras vai depender de recursos teóricos que permitam interpretar o significado e as conexões possíveis das peças. Raphael Spode e Gabriel G. Xavier Abordagens clássicas das relações internacionais São Paulo: Contexto Educacional, 2012, p. 23 (com adaptações)

Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue (C ou E) os itens a seguir, referentes ao período entre as duas guerras mundiais, à Segunda Guerra Mundial e a declarações da Organização das Nações Unidas (ONU).

Texto do item:

Segundo o economista John Maynard Keynes, após a Primeira Guerra Mundial, sem a restauração da economia alemã, era impossível a recomposição de uma civilização e economia liberais estáveis na Europa, pensamento que influenciou os franceses a tolerar uma política de realização alemã após 1924, o que, mesmo assim e devido à longa relutância francesa, terminou por enfraquecer a economia na Alemanha.

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A afirmativa está correta.

John Maynard Keynes, em sua obra "As Consequências Econômicas da Paz" (1919), argumentou vigorosamente contra as pesadas reparações impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes. Segundo ele, tais medidas não apenas inviabilizariam a recuperação econômica alemã, mas também comprometeriam a estabilidade econômica de toda a Europa. Isso porque a Alemanha, antes da Primeira Guerra Mundial, era uma das principais economias do continente e um importante parceiro comercial de diversos países europeus.

Keynes sustentava que a punição excessiva à Alemanha criaria um ambiente de desespero econômico, alimentando ressentimentos e extremismos políticos, o que poderia levar a conflitos futuros. Ele defendia que, sem a restauração da economia alemã, seria impossível recompor uma civilização e uma economia liberais estáveis na Europa. Essa visão buscava enfatizar a interdependência econômica entre os países europeus e a necessidade de reconstrução conjunta pós-guerra.

A princípio, a França, profundamente afetada pela guerra e preocupada com sua segurança, insistia em políticas duras contra a Alemanha, desejando limitar seu poderio econômico e militar. No entanto, a partir de 1924, influenciados pelas ideias de Keynes e pressionados pelas circunstâncias econômicas, os franceses começaram a tolerar uma política de recuperação econômica alemã. Isso se materializou no Plano Dawes (1924), que reestruturou as reparações e permitiu influxos de capitais americanos na economia alemã, visando sua estabilização.

Apesar dessa mudança de postura, a relutância inicial e a demora da França em aceitar a necessidade de recuperação alemã tiveram impactos negativos duradouros. As medidas adotadas foram insuficientes para sanar os problemas econômicos profundos que a Alemanha enfrentava. A ocupação francesa do Ruhr em 1923, por exemplo, exacerbou a hiperinflação alemã e agravou a instabilidade econômica e social. Esse contexto dificultou a plena recuperação econômica da Alemanha e contribuiu para o ambiente de insatisfação que emergiria na ascensão do nazismo.

Assim, a afirmativa destaca corretamente que, conforme apontado por Keynes, sem a restauração da economia alemã, a reconstrução de uma Europa estável era inviável. Além disso, a tolerância francesa à recuperação econômica da Alemanha após 1924, embora significativa, foi tardia e prejudicada por sua relutância prolongada, o que acabou por enfraquecer ainda mais a economia alemã naquele período.


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Marquei correta, como o bot. Está errada, @ProfJoaoDaniel ?

Essa questão é, na minha opinião, discutível. As ideias do Keynes tiveram certa influência na época, e alguns podem atribuir isso à assinatura dos Tratados de Locarno. Porém, a influência direta de Keynes nesses tratados foi baixa. Ele sequer foi parte da Comissão Dawes:

“Many would have expected Keynes to be a member of the Dawes Commission. In Keilhau’s view, Keynes’s harsh critique of the Reparations Commission ruled him out. Nor did Keynes exercise any influence on the plan of the Dawes Commission, judging from the objections he raised against it. He believed that the complicated system for payment would not last and that the moratorium given to Germany was too short. However, there is one element of the report of the experts that is fully consistent with Keynes’s recommendations: the use of an international loan to facilitate German reparations.”

Cartas de Keilhau indicam que as ideias dele tinham pouco alcance entre “homens de Estados” :

“However, the ideas of Keynes have not made the same impression upon the statesmen in power as on the public. This is most deplorable, for had these statesmen acted on his advice, there is every possible reason to believe that we now should have seen happier days and been able to work under the benefits of a real peace.”

Isso foi tirado de um artigo do Journal of Economics: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/sjoe.12467

Enfim, dá para argumentar pelo dois lados. A questão é se os franceses aceitaram os tratados por causa também do Keynes ou se as questões internas da França pesaram mais.

Mas “influenciou” é muito amplo. Acho difícil considerar que isso tornaria o item errado. “pouco alcance” não é nenhum. Assim como “have not made the same impression(…)” supõe que alguma “impression” existiu.

Sim, por isso acho questionável. É uma questão do quanto a França foi influenciada por elas, porque a economia da França se deteriorou na ocupação do Ruhr e a própria França então tinha algum interesse em uma solução. Além do mais, o fato de precisar de uma mediação é indício de que a França em si não estava muito aberta às ideias de Keynes, mas acabou aceitando o Plano Dawes por necessidade.

Acho possível afirmar para ambos os lados, porque, por um lado, parece difícil não haver NENHUMA influência de Keynes, mas, por outro, ao assinar Locarno a França não estava necessariamente disposta a tolerar uma política de realização alemã e nem acreditar que a reestruturação alemã era necessária para a estabilidade europeia (ela poderia simplesmente não ter muita alternativa no momento). Ou seja, a influência não é necessariamente a descrita na assertiva.