(CACD 2025) item 86 - (História Mundial). Um caso extremo de divergência entre nacionalismo

Enunciado:

No que se refere à formação da Alemanha e da Itália, julgue os itens a seguir.

Texto do item:

Um caso extremo de divergência entre nacionalismo e Estado-nação, sem precedente desde a Roma antiga, é o da Itália: a maior parte de seu território foi unificado entre 1859 e 1870, mas havia uma grande fragmentação linguística e cultural.

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Gabarito sugerido: C
A unificação italiana ocorreu, de fato, em etapas entre 1859 e 1870 (Guerra da Segunda Independência, anexações plebiscitárias de 1860, Veneto em 1866 e Roma em 1870). Contudo, a população peninsular permanecia marcada por forte heterogeneidade linguística – predominavam dialetos regionais, e o toscano‐florentino (futuro “italiano padrão”) era falado por minoria – e por identidades locais muito enraizadas. Assim, existia um Estado político unificado sem que estivesse solidamente formado um sentimento nacional compartilhado, configurando um descompasso entre nacionalismo (a ideia de nação) e Estado-nação. A frase de Massimo d’Azeglio (“Fizemos a Itália; agora precisamos fazer os italianos”) costuma ilustrar esse quadro. Dessa forma, a afirmativa está correta.


Comentário automático feito pela inteligência artificial do Clipping.ai apenas para referência. Comentários dos nossos professores virão a seguir.

“Um caso extremo” é dose né… Marquei certo na prova, mas acho questionável.

Marquei ERRADO por causa do “sem precedente desde a Roma antiga”, afinal também “havia uma grande fragmentação linguística e cultural.” no Império Otomano, mas vai saber né.

2 curtidas

Um caso extremo de divergência entre nacionalismo e Estado-nação, sem precedente desde a Roma antiga, é o da Itália: a maior parte de seu território foi unificado entre 1859
e 1870, mas havia uma grande fragmentação linguística e cultural.”

NULIDADE

A história da Itália desde a Roma Antiga não consta do Edital.

Expressão “sem precedente desde a Roma antiga” exige juízo comparativo histórico

A assertiva usa a fórmula:

Um caso extremo de divergência entre nacionalismo e Estado-nação, sem precedente desde a Roma antiga, é o da Itália […]”

Essa estrutura gramatical não é meramente retórica, mas apresenta um juízo afirmativo categórico, exigindo do candidato um saber comparativo: para julgá-la correta ou incorreta, o candidato deve ter base de comparação histórica anterior à Itália moderna — ou seja, conhecimento sobre Roma antiga.

O tema “Roma antiga” NÃO consta no conteúdo programático

O edital de História Mundial do CACD não menciona Roma antiga em nenhum de seus tópicos. O recorte temporal se inicia com a Revolução Industrial e a Revolução Francesa (séc. XVIII). Portanto, exigir conhecimento prévio sobre Roma como referência de Estado-nação ultrapassa os limites do edital.

Jurisprudência do TRF-1 sobre extrapolação do edital

O edital, como norma que rege o concurso, deve mencionar expressamente todo o conteúdo programático, não sendo possível se dar uma interpretação que amplie o leque de matérias […] ainda que esteja indiretamente relacionada”
(TRF-1, AC 10052266520184013300)

Analogamente, a comparação com Roma antiga não está expressa no edital, nem pode ser considerada um subentendido da construção dos Estados nacionais no século XIX.
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1 curtida

Seria necessário conhecer toda a história desde a Roma antiga (e isso é a República)para poder fazer um juízo de valor sobre o enunciado, mas conhecimentos sobre Roma antiga extrapola o edital.

1 curtida

Acho que é o melhor caminho mesmo. O trecho é adaptado de Hobsbawm:

Um caso extremo de divergência entre nacionalismo e Estado-Nação era a Itália, a
maior parte da qual tinha sido unificada sob Savoia em 1859- 1860, 1866 e 1870.
Não havia precedente histórico posterior à Roma antiga para uma única
administração de toda a área compreendida entre os Alpes e a Sicília, que
Metternich descrevera com grande precisão como uma “mera expressão geográfica”.
No momento da unificação, em 1860, estimou-se que não mais de 2,5% de seus
habitantes falavam a língua italiana no dia-a-dia, o resto falava idiomas tão
diferentes que os professores enviados pelo Estado italiano à Sicília na década de
1860, foram confundidos com ingleses. Provavelmente uma porcentagem bem
maior, mas ainda uma modesta minoria, teria se sentido naquela data como italianos.
Não é de admirar que Massimo d’ Azeglio (1792- 1866) exclamasse em 1866:
“Fizemos a Itália; agora precisamos fazer os italianos”. (HOBSBAWM, Eric J. A era do capital: 1848 - 1875. 15. ed. São Paulo: Paz e Terra,
2009, p.147).

Mas também dá pra explorar o fato de que Hobsbawm circunscreve o comentário dele dos Alpes à Sicília e que a assertiva, ao não fazê-lo, simplesmente sugere que a Itália é um caso de divergência entre nacionalismo e Estado-nação que não tem precedente em todo o mundo desde o Império Romano, o que seria extremamente complexo de validar.