Questão 4 item 2 - (Português - 1a Fase - CACD 2024). O segmento “visão idílica” (primeiro período do q

Enunciado:

Afinal, os homens nascem iguais, apenas sem uma definição completa da natureza.
Em Rousseau, por exemplo, com a noção do “bom selvagem”, essa ideia estaria absolutamente presente.
A alteridade desses “novos homens” transformada em modelo lógico se contrapunha à experiência ocidental. Como conclui Rousseau sobre a origem da desigualdade entre os homens, “se há uma bondade original da natureza humana, a evolução social corrompeu-a”.
O famoso filósofo da Ilustração encontrava um modelo ideal nesse “outro” tão distante do “nós, ocidentais”, e o elegia como moralmente superior. No entanto, ao conformar esse quadro antitético, Rousseau de certa forma se afastava da Ilustração, já que refletia sobre um progresso às avessas.
Mas, se a visão idílica de Rousseau foi a mais fecunda, é impossível deixar de falar das vertentes mais negativas de sua interpretação. As imagens que detrataram o Novo Mundo se intensificaram, simetricamente correspondentes ao maior conhecimento e colonização desses novos territórios. É o momento em que se passa da projeção da inocência à inata maldade do selvagem.
Esse debate — que opunha o modelo igualitário da Ilustração às doutrinas raciais — faz parte, no entanto, de um problema mais remoto, sobre as origens da humanidade.
De um lado, a visão monogenista, dominante até meados do século XIX; de outro, a partir de então, a hipótese poligenista, que se transformava em uma alternativa plausível. Alguns de seus autores da crença na existência de vários centros de criação, que corresponderiam, por sua vez, às diferenças raciais observadas.

Ainda em relação ao texto III, julgue (C ou E) os itens a seguir.

Texto do item:

O segmento “visão idílica” (primeiro período do quinto parágrafo) remete à noção bucólica do “bom selvagem” de Rousseau, que representa um devaneio, uma utopia.

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Certo.

A expressão "visão idílica", mencionada no primeiro período do quinto parágrafo, refere-se diretamente à noção do "bom selvagem" de Rousseau. Rousseau idealizava o ser humano em seu estado de natureza, acreditando que o homem nascia bom e que era a sociedade que corrompia essa bondade original. Essa perspectiva coloca o "selvagem" como moralmente superior ao "homem civilizado", já que não teria sido ainda corrompido pelas instituições sociais.

Essa concepção é considerada idílica porque apresenta uma visão idealizada e perfeita do estado natural do homem, algo que beira ao utópico e ao devaneio. O termo "bucólica" reforça essa ideia de simplicidade e harmonia com a natureza, características atribuídas ao "bom selvagem". Portanto, a "visão idílica" de Rousseau representa, de fato, um devaneio ou utopia acerca da condição humana em seu estado original, contrapondo-se à experiência ocidental e às consequências da evolução social.


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Pra mim, embora possa ser considerado em geral por quem estudo o Rousseau, que o bom selvagem é uma condição utópica ou até um “devaneio”, nada no texto indica que o autor considera essa visão “um devaneio”, especialmente pelo caráter negativo da qualificação, quando se trata de uma qualificação sociológica, ou seja, que não poderia ser apenas um devaneio, deveria ter um valor teórico além disso. Eu marquei como errada, e realmente não mudaria minha resposta.

Exatamente! E o texto sugere uma posição simpática à visão do Rousseau. Assim como a prova, aliás, com as críticas ao europeus e o texto do Krenak.

Tô no mesmo barco, Lucas.
Considerar a visão como “um devaneio” é uma superinterpretação. O texto não fornece elementos o suficiente para que se conclua isso.