Questão 9 item 1 - (Português - 1a Fase - CACD 2024). A grafia das palavras formadas pelo prefixo semi-,

Enunciado:

O bife e o vinho compartilham a mitologia sanguínea. É o coração da carne, é qualquer um que a consuma assimilá-la à força do touro. Obviamente, o prestígio do bife deve-se ao seu estado de semicrueza: nele o sangue é simultaneamente visível, denso, compacto e suscetível de ser cortado; imagina-se logo a ambrosia antiga sob a forma de uma matéria pesada que diminui entre os dentes, de modo a fazer com que o signo do mesmo tempo a força de origem e a sua plasticidade se expandiram no próprio sangue do homem.

E assim como o vinho se transforma, para um bom número de intelectuais, em substância mediúnica que os conduzem à força original da natureza, o mesmo modo do bife é para eles um alimento de redenção, graças ao qual tornam o seu cerebralismo mais prosaico e conjuram, pelo sangue e a polpa mole, a secura estéril de que são acusados.

Tal como o vinho, na França, o bife é um elemento básico, mais nacionalizado do que socializado, estando presente em todos os cenários da vida alimentar: participa de todos os ritmos, desde o confortável refeição burguesa ao lanche boêmio do celibatário; é uma alimentação simultaneamente rápida e densa, que realiza a mais perfeita união entre a economia e a eficácia, a mitologia e a plasticidade do seu consumo. Além disso, é um produto eminentemente francês (é certo que se encontra circunscrito, hoje em dia, pela invasão das steaks americanos). Sendo nacional, dependendo da cotação dos valores patrióticos: revigora-os em tempo de guerra, sendo a própria carne do combatente francês, o bem inalienável que só pode passsar-se para o inimigo à traição. Associado geralmente às batatas fritas, o bife transmite-lhes o seu renome: elas são nostálgicas e patrióticas como o bife.

Roland Barthes. O bife com batatas fritas. In: Mitologias. São Paulo: 2010, p. 79-80 (com adaptações).

Julgue (C ou E) os próximos itens, relativos a aspectos linguísticos e ortográficos do texto VI.

Texto do item:

A grafia das palavras formadas pelo prefixo semi-, como “semicrueza” e semi-inteiro, por exemplo, obedece à mesma regra ortográfica que define a grafia das palavras formadas pelos prefixos co- e re-, no que se refere ao emprego ou não de hífen.

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Resposta:

Errada.

As palavras formadas com o prefixo semi-, como "semicrueza" e "semi-inteiro", não obedecem à mesma regra ortográfica que define a grafia das palavras formadas com os prefixos co- e re- no que se refere ao emprego ou não de hífen.

Explicação:

Segundo as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, o uso do hífen com prefixos depende principalmente das letras finais do prefixo e das iniciais do segundo elemento. Vamos analisar separadamente os prefixos semi-, co- e re-.

  1. Prefixo semi-:

    • Usa-se o hífen quando o segundo elemento começa com H ou com a mesma vogal que termina o prefixo.
      • Exemplo: semi-inteiro (semi- + inteiro)
      • Observação: Como o prefixo semi- termina com a vogal "i" e o segundo elemento começa com "i", utiliza-se o hífen.
    • Não se usa o hífen nos demais casos, unindo-se os elementos.
      • Exemplo: semicrueza (semi- + crueza)
      • Observação: Aqui, o segundo elemento começa com "c", portanto, escreve-se junto, sem hífen.
  2. Prefixos co- e re-:

    • Nunca se usa o hífen, independentemente da letra que inicia o segundo elemento, mesmo que seja a mesma vogal que termina o prefixo.
      • Exemplos:
        • coordenar (co- + ordenar)
        • coautor (co- + autor)
        • coobrigação (co- + obrigação)
        • reeleger (re- + eleger)
        • reentrar (re- + entrar)

Conclusão:

As regras ortográficas para o uso do hífen com o prefixo semi- são diferentes das aplicadas aos prefixos co- e re-. Enquanto o prefixo semi- exige o hífen quando o segundo elemento inicia com a mesma vogal "i", os prefixos co- e re- nunca utilizam hífen, mesmo diante de vogais iguais.

Portanto, a afirmação é errada, pois as grafias das palavras formadas com o prefixo semi- não obedecem à mesma regra das formadas com co- e re- no que tange ao uso do hífen.


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