Julgue (C ou E) os itens a seguir, relacionados à experiência democrática após o Regime Militar no Brasil.
Texto do item:
Entre os anos 2002 e 2013, a política externa brasileira retomou aspectos da Política Externa Independente (PEI), com a vinculação entre relações internacionais e desenvolvimento interno, aprofundou a cooperação Sul-Sul e atuou na constituição de novos blocos econômicos, como o G-20.
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A afirmação é certa porque, entre os anos de 2002 e 2013, a política externa brasileira realmente retomou aspectos da Política Externa Independente (PEI), vinculando as relações internacionais ao desenvolvimento interno, aprofundando a cooperação Sul-Sul e atuando na constituição de novos blocos econômicos, como o G-20.
Explicação detalhada:
Retomada de aspectos da PEI:
A Política Externa Independente, implementada nos anos 1960, buscava uma atuação autônoma do Brasil no cenário internacional, não alinhada automaticamente às grandes potências, e priorizava o desenvolvimento nacional.
Entre 2002 e 2013, especialmente nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e início do governo Dilma Rousseff (2011-2013), o Brasil retomou essa postura autônoma. O país buscou maior protagonismo internacional sem se subordinar aos interesses das grandes potências, conforme observado no contexto fornecido: "Não houve, dessa vez, a invenção de um paradigma verdadeiramente novo… Se a diplomacia de Fernando Henrique Cardoso mereceu ser descrita pela fórmula de ‘busca da autonomia pela participação e pela integração’, a orientação de Lula e Celso Amorim não aparentava diferenciar-se fundamentalmente desse objetivo e modo de proceder."
Vinculação entre relações internacionais e desenvolvimento interno:
A política externa desse período visou diretamente promover o desenvolvimento econômico e social interno. Isso é evidenciado pela ênfase na conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), buscando condições econômicas internacionais favoráveis às vantagens comparativas brasileiras, especialmente na agricultura: "2) A consolidação de condições econômicas internacionais que favorecessem o desenvolvimento a partir das vantagens comparativas brasileiras, concentradas na agricultura…"
Aprofundamento da cooperação Sul-Sul:
Houve uma intensificação das relações com países do hemisfério sul, reforçando laços com nações da África, América Latina, Caribe, Ásia e Oceania. A criação e participação em fóruns como o IBAS (Índia, Brasil e África do Sul), BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e, posteriormente, África do Sul), ASPA (Cúpula América do Sul-Países Árabes) e AFRAS (Cúpula África-América do Sul) ilustram esse aprofundamento: "3) A ênfase na dimensão Sul-Sul… ensejada naturalmente pela forte e visível emergência da China, da Índia e da África do Sul e pela retomada do crescimento africano e expressa na proliferação de foros de contatos…"
Atuação na constituição de novos blocos econômicos, como o G-20:
O Brasil desempenhou papel ativo na criação e fortalecimento de novos agrupamentos internacionais que refletiam a nova ordem econômica mundial emergente. O G-20, por exemplo, surgiu como um fórum primordial para a coordenação macroeconômica global, especialmente após a crise financeira de 2008: "Ambos são, da mesma forma que o G-20, expressão de igual fenômeno: a procura universal por instituições e mecanismos de coordenação e governança global… O Brasil teve papel de destaque na formação do G-20…"
Busca por maior protagonismo internacional:
A política externa brasileira buscou o reconhecimento do Brasil como ator político global de primeira ordem, o que se traduziu na campanha por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e na participação ativa em diversos fóruns internacionais: "1) A obtenção do reconhecimento do Brasil como ator político global de primeira ordem no sistema internacional policêntrico em formação, o que se traduziu na busca por um posto permanente no Conselho de Segurança da ONU…"
Conclusão:
A política externa brasileira entre 2002 e 2013 retomou, de forma adaptada ao contexto contemporâneo, os princípios da Política Externa Independente, promovendo a autonomia, diversificando parcerias internacionais e alinhando ações externas ao desenvolvimento interno. O aprofundamento da cooperação Sul-Sul e a atuação na constituição e fortalecimento de novos blocos econômicos, como o G-20, confirmam a veracidade da afirmação.
Comentário automático feito pela inteligência artificial do Clipping.ai apenas para referência. Comentários dos nossos professores virão a seguir.
Há um erro grave de data. O G20 se constituiu, isto é, foi criado em 1999, bem antes de 2002. Aliás há um outro erro: 2002, último ano de FHC, ano que segue ainda a chamada « anatomia pela participação ». Aliás, nesse último ano, foi ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, ex-ministro de Collor, presidente que, segundo Gelson Fonseca Júnior, iniciara esse paradigma em contraposição à anatomia pela distância, que caracterizara, em graus diferentes, parte da PEI e as políticas do regime militar, principalmente do período final, conduzidas por ministros como Azeredo da Silveira e Saraiva Guerreiro.
a questão fala que entre 2002 e 2013 a PEB retomou aspectos da PEI, com a vinculação (…), aprofundou (…) e atuou na constituição de novos blocos econômicos, como o G20.
a parte que diz “atuação na constituição” é válida.
por se tratar de uma prova de história - e não da de direito - o uso da palavra constituir pode ser mais aberto, e não necessariamente jurídico, no sentido de um processo de constituição na formação do bloco, que é uma novidade já por 2002.
A constituição não necessariamente é feita em um ponto único ou uma data única, até porque o G-20 é um fórum informal cuja conceituação é inferida através da visão de seus membros. É possível até mesmo dizer que o G20 tem se constituindo até hoje.
E foi logo em 2008 quando da crise econômica que o g20 ganhou impulso e a PEB teve maior atuação nesse processo que é a constituição de um grupo informal. O G20 funciona com base em comunicados e declarações oficiais que são emitidos após suas cúpulas, e nenhum deles põe por definitivo um marco de existência do grupo.
Basta lembrar que a primeira cúpula do g20 ocorreu apenas em 2008, em resposta à crise financeira global daquele período. A mera reunião inaugural ocorrida em 99 por si só não seria suficiente para constituir o grupo, justamente por se tratar de um grupo informal de conceituação inferida e não positivada em uma carta (formalização de uma norma ou estrutura em um documento legal ou tratado).
É válido dizer que a constituição do grupo seguia em processo.
também queria falar que a questão fala “entre os anos 2002 e 2013” a PEB retomou aspectos da PEI.
repara: a questão não afirma que toda a PEI foi inteiramente retomada, ela afirma que aspectos foram retomados, o que pode ser válido também pro último ano do governo do FHC - como por exemplo a busca pela abordagem de maior abertura ao mundo - ou a busca pela participação e integração.
É só um exemplo, mas dá pra ir pra várias direções nesse sentido.
A PEI fortalecia o conceito de que se buscava relações com países sem restrições ideológicas, o que pode ser percebido no governo FHC. O governo FHC buscava “consolidar e aprofundar o Mercosul como estapa inicial de sua eventual ampliação na perspectiva da integração sul-americana”. De acordo com Ricupero, havia uma preocupação por parte daquele governo com a formação da ALCA com o méxico como membro, sendo que a ALCA é justamente composta pela potência - EUA - que motivava a ideia de que o Brasil não poderia ser dependente dela na PEI: “A ALCA obviamente parecia mais como ameaça de desestruturação do que oportunidade de alargamento do mercado”.
Fica claro que há uma contraposição de ideias entre uma política externa brasileira mais atrelada a economias que não a americana, que é um aspecto também presente na PEI clássica de João Goulart.
Bloco econômico ? kkkk O G20 nunca foi um bloco econômico nem uma quiche lorraine, nem uma bicicleta de três rodas. O G20 é um fórum informal. Essa questão está erradíssima por três razões. Nem o ministro Celso Lafer (2002) nem o próprio FHC nunca tiveram a PEI como referência basilar. Não a achavam realmente realista, mas marcada por um viés defensivo tendencioso, por aquilo que Gelson Fonseca Júnior chamava a autonomia pela distanciação. Ao contrário, achavam-na limitante, principalmente na versão “espúria” militar tornada consensual após Azeredo da Silveira. Segundo, constituir um 'bloco econômico" é criá-lo, sobretudo em uma frase miúda duma prova de certo/errado. Terceiro, o G20 nunca foi um 'bloco econômico". Não estamos numa prova para médico do Hospital Universitário ou para engenheiro da Petrobrás. No nosso campo do saber, as relações internacionais, ou melhor, a política
internacional, “bloco econômico” tem um sentido preciso. O EFTA, o UMSCA (NAFTA), o ECOWAS, o Mercosul e a UE o são; o G20 pode ser o nome de um time de futebol albanês, mas um bloco econômico não. Isso é primeiro semestre de RE.
" O G20 foi fundado em 1999 após a crise financeira asiática como um fórum para os Ministros das Finanças e Governadores dos Bancos Centrais discutirem questões econômico e financeiras globais."
O G-20 não é considerado um bloco econômico, portanto, o gabarito deveria ter vindo como ERRADO. A questão claramente considera que o G-20 é um bloco econômico, mesmo não sendo. Não entendo porque a banca colocou a questão como correta. O G-20 contem um bloco econômico participante, a União Europeia, mas não é considerado um. Questão claramente cabe recurso.