Julgue (C ou E) os itens a seguir, relacionados à experiência democrática após o Regime Militar no Brasil.
Texto do item:
A baixa complementariedade econômica, assimetrias políticas e sociais e limitações nas estruturas estatais e burocráticas dos países-membros do MERCOSUL são obstáculos para a efetivação de acordos de integração no bloco econômico.
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A afirmação é correta. A baixa complementariedade econômica, as assimetrias políticas e sociais e as limitações nas estruturas estatais e burocráticas dos países-membros do MERCOSUL são, de fato, obstáculos significativos para a efetivação de acordos de integração no bloco econômico.
Explicação:
Baixa complementariedade econômica:
Os países do MERCOSUL possuem estruturas produtivas semelhantes, baseadas principalmente na exportação de commodities agrícolas e recursos naturais. Essa similaridade reduz a complementariedade econômica, limitando as oportunidades de comércio intrabloco de produtos manufaturados de maior valor agregado.
A falta de complementariedade dificulta a criação de cadeias produtivas integradas e a especialização, elementos essenciais para aprofundar a integração econômica e aumentar a competitividade global do bloco.
Assimetrias políticas e sociais:
Os países-membros apresentam diferenças significativas nos níveis de desenvolvimento econômico, social e político. Enquanto o Brasil e a Argentina possuem economias maiores e mais diversificadas, Paraguai e Uruguai têm economias menores e menos complexas.
Essas assimetrias geram desafios na formulação e implementação de políticas comuns, pois os interesses e necessidades de cada país podem divergir. Isso pode levar a conflitos e dificuldades nas negociações, prejudicando a integração.
Limitações nas estruturas estatais e burocráticas:
As diferenças nas capacidades institucionais e burocráticas dos países-membros afetam a eficácia na implementação dos acordos. A falta de harmonização regulatória e de instituições supranacionais robustas dificulta a coordenação e a aplicação uniforme das políticas acordadas.
Além disso, processos burocráticos lentos e ineficientes podem atrasar a execução de projetos conjuntos e desestimular a participação do setor privado nas iniciativas de integração.
Contexto adicional:
Desafios institucionais: O MERCOSUL carece de instituições supranacionais fortes que possam mediar conflitos e garantir o cumprimento dos acordos. As decisões dependem, em grande parte, do consenso entre os governos nacionais, o que pode resultar em paralisações quando há divergências.
Exemplos práticos: Ao longo dos anos, houve diversos conflitos comerciais entre os membros do MERCOSUL. Por exemplo, políticas unilaterais de proteção a setores industriais nacionais e barreiras não tarifárias foram implementadas, contrariando os princípios de livre comércio do bloco.
Tentativas de mitigação: Reconhecendo essas dificuldades, os países do MERCOSUL buscaram criar mecanismos para lidar com as assimetrias, como o Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL (FOCEM), destinado a financiar projetos que reduzam disparidades regionais. No entanto, esses esforços ainda não foram suficientes para superar completamente os obstáculos.
Conclusão:
Os fatores mencionados na afirmação representam desafios reais para a integração efetiva no MERCOSUL. Embora o bloco tenha alcançado avanços importantes desde sua criação, esses obstáculos estruturais continuam a limitar o aprofundamento da integração econômica e a realização plena dos objetivos estabelecidos pelos países-membros.
Comentário automático feito pela inteligência artificial do Clipping.ai apenas para referência. Comentários dos nossos professores virão a seguir.
Errado, a complementariedade econômica pode ser vista no comércio energético brasileiro com a Bolívia e a Argentina. Se isso não existisse, não faria sentido ser criado o MERCOSUL.
há complementariedade econômica, mas ela é baixa. Os países do mercosul costumam produzir bens semelhantes, e isso desde tempos antigos, e é justamente essa complementariedade que o bloco busca aprimorar.
[…] A trajetória de desenvolvimento dos acordos de integração na América Latina é marcada pela persistência de problemas estruturais, entre eles: a baixa complementaridade econômica, a baixa interdependência, assimetrias políticas e econômicas e a baixa capacidade estatal e burocrática representam dificuldades reais no cumprimento dos objetivos firmados nos diferentes acordos na região. […] https://www.scielo.br/j/ln/a/Bpkz3gLvhVxrxjsfTg4t4Tq/?format=pdf
Nas palavras de Ricupero, quando do Governo Lula (2003-2010), há, na integração do bloco,
um obstáculo com relação aos regimes políticos e econômicos dos países membros.
[…] O Brasil, da mesma forma que a Argentina de Kirchner, situava-se mais ou menos a meio caminho entre um e outro grupo, mais perto, em termos objetivos, do México e do Chile pelo grau de complexidade e diversificação da economia, bem como pela política econômica de mercado e moderação da política interna e externa. A simples enunciação das características opostas que se acentuavam dia a dia e a emergência de grupos e subgrupos diferentes e antinômicos corroboram o que se afirmou acima. Em contraste com a convergência de valores e tipos de organização que permitiram a expansão da U.E até abarcar os antigos comunistas, na América Latina o aumento da divergência de valores e de opções político-econômicas inviabilizou o avanço da integração até da densificação da cooperação […] Fonte: A diplomacia na construção do Brasil 1750-2016.
Aproveito a oportunidade pra também falar que a fundação do MERCOSUL ocorreu em um momento de redemocratização para os países membros, e, com isso, uma busca por maior credibilidade internacional também ocorria. Se estava em uma onda global de formação desses blocos econômicos. Nesse contexto, a criação do bloco não se deu porque havia complementariedade econômica entre os países, mas sim porque se buscava promover maior complementariedade entre eles.
Ainda é possível perceber essa semelhança nos bens exportados pelos países ao analisar as paletas de exportação por categoria. No caso do Brasil, as categorias com maior participação são produtos primários, veja:
No caso do uruguai e da argentina, você pode ver o mesmo cenário, sendo a segunda categoria de maior peso nas exportações brasileiras também presente em quinto lugar no caso da argentina e em segundo lugar no caso uruguaio. E no total dos produtos exportados por esses países também há uma expressiva participação de produtos primários, que é o caso do Brasil.
Meu problema com esta questão é a subjetividide por detrás do termo “baixa”. Para mim, isso se torna particularmente problemático quando levamos em conta economias como a boliviana e paraguaia, em especial no tocante aos setores energético e industrial.