Questão 5 item 2 - (Português - 1a Fase - CACD 2024). No último parágrafo, o autor utiliza um neologismo

Enunciado:

Assim como aquela senhora hopi que conversava com a pedra, sua irmã, tem um monte de gente que fala com montanhas. No Equador, na Colômbia, em algumas dessas regiões dos Andes, você encontra lugares onde as montanhas formam casais. Tem mãe, pai, filho, tem uma família de montanhas que troce afeto, faz trocas. E as pessoas que vivem nesses vales fazem festas para essas montanhas, dão comida, dão presentes, ganham presentes das montanhas. (…)

O tipo de humanidade zumbi que estamos sendo convocados a integrar não tolera tanto prazer, tanta fruição de vida. (…)

O Rio Doce, que nós, os Krenak, chamamos de Watu, nosso avô, é uma pessoa, não um recurso, como dizem os economistas. (…)

A conclusão ou compreensão de que estamos vivendo uma era que pode ser identificada como Antropoceno deveria soar como um alarme nas nossas cabeças. (…)

Ailton Krenak. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

Em relação a aspectos linguísticos e estilísticos do texto IV, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

Texto do item:

No último parágrafo, o autor utiliza um neologismo para denominar a era que marca o momento atual em que vive a humanidade.

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ERRADA

No texto fornecido, Ailton Krenak, no último parágrafo, utiliza o termo "Antropoceno" ao afirmar: "A conclusão ou compreensão de que estamos vivendo uma era que pode ser identificada como Antropoceno deveria soar como um alarme nas nossas cabeças."

O termo "Antropoceno" não é um neologismo criado pelo autor. Trata-se de um conceito já existente na comunidade científica e acadêmica, proposto inicialmente pelo ecólogo Eugene F. Stoermer na década de 1980 e popularizado pelo químico atmosférico Nobel Paul Crutzen no ano 2000. "Antropoceno" designa uma era geológica na qual as atividades humanas passaram a exercer uma influência dominante no clima e nos ecossistemas do planeta.

Portanto, ao utilizar o termo "Antropoceno", Krenak está empregando uma expressão já consagrada para nomear a atual era geológica marcada pelo impacto significativo da humanidade sobre a Terra. Não se trata de um neologismo, mas sim de um termo reconhecido e difundido em debates científicos sobre mudanças ambientais globais.

Assim, a afirmação de que, no último parágrafo, o autor utiliza um neologismo para denominar a era atual é ERRADA, pois "Antropoceno" não é um termo criado por ele, mas sim um conceito já estabelecido no discurso científico e ambientalista.


Comentário automático feito pela inteligência artificial do Clipping.ai apenas para referência. Comentários dos nossos professores virão a seguir.

1 curtida

Na verdade, o gabarito deveria dar como “certo”, pois o item não diz que o autor criou um neologismo, mas sim que está utilizando um termo que surgiu como um neologismo. E, de fato, isso é verdade; Antropoceno foi um termo empregado pela primeira vez no final dos anos 1990.

1 curtida

Aí 70% do vocabulário português se enquadraria nessa acepção.
No mínimo, o item está ambíguo e deveria ser anulado.

2 curtidas

Cotado para anulação, pois há possibilidade de dupla interpretação. O termo “Antropoceno” já está devidamente dicionarizado e vem sendo usado pela comunidade científica há mais de 50 anos, tendo inicialmente aparecido em um artigo do Professor Eugene F. Stoermer, da Escola de Recursos Naturais e Meio Ambiente da Universidade de Michigan, ainda na década de 1980.

1 curtida

Fonte para redação de recursos: artigo “Aspectos da Dinâmica do Neologismo”, Maria Aparecida Barbosa - https://www.revistas.usp.br/linguaeliteratura/article/view/138126/133574

A PERDA DA CONSCIÊNCIA DO FATO NEOLÓGICO: A DESNEOLOGIZAÇÃO

A freqüência de repetição do neologismo pode determinar a maior ou menor consciencia da neologicidade. Esta aparece, sem dúvida, no momento da criação do neologismo, e vai progressivamente dimi­nuindo, à medida que o seu emprego aumenta. Por isso, como afir­ma Marcellesi (1974, 96), a importância do conteúdo da informação veiculada pelas palavras, ou seja, a sua carga de informação, é inver­samente proporcional a freqüência de sua utilização, ao número de atualizações. Desse modo, o aumento da freqüência de emprego acar­retará necessariamente a redução da taxa de informação fornecida pelo vocábulo — este deverá convir a um maior número de contex­tos —, e, por isso mesmo, a diminuição, qu atenuação, de seu cará­ter de neologicidade. Com efeito, â alta freqüência de emprego de termos novos, bem como o maior contacto que os falantes-ouvintes vão tendo com eles, tomam-nos conhecidos e fazem, pouco a pouco, desaparecer o im­pacto da novidade lexical. Em outras palavras, o caráter de neolo­gicidade vai sofrendo um processo de esvaziamento progressivo, até quç, imperceptivelmente, os vocábulos passam a integrar o inven­tário das unidades lexicais memorizadas de alta freqüência e distri­buição regular entre os falantes.