Questão 8 item 1 - (Português - 1a Fase - CACD 2024). No terceiro período do último parágrafo, emprega-s

Enunciado:

Quando os jornais anunciaram para o dia 1.° deste mês uma parede de açougueiros, a sensação que tive foi muito diversa da de todos os meus concidadãos. Vós ficastes aterrados; eu agradeci o acontecimento ao céu. Boa ocasião para converter a cidade ao vegetarianismo.

Não sei se sabem que eu era carnívoro por educação e vegetariano por princípio. Criaram-me a carne, mas carne, ainda carne, sempre carne. Quando cheguei ao uso da razão e organizei o meu código de princípios, incluí nele o vegetarianismo; mas tarde para a execução. Fiquei carnívoro. Era a sorte humana; foi a minha. Não importa, o homem é carnívoro.

Deus, ao contrário, é vegetariano. Para mim, a questão do paraíso terrestre explica-se clara e singelamente pelo vegetarianismo. Deus criou o homem para os vegetais, e vegetais para o homem.

Enfim, chegou o dia 1.° de março; quase todos os açougues amanheceram sem carne. Chamei a família; com um discurso mostrei-lhe que a superioridade de vegetais sobre o animal era tal, que não devíamos aproveitar a ocasião e só adotar o 2.° fecundo princípio vegetariano. Ervas, ervas daninhas, quem sabe não há sangues vegetais, em vez das plantas, que não berram nem esperneiam, quando lhes tiram a vida. Convenci a todos; não tivemos almoço nem jantar, mas dois banquetes. Nos outros dias a mesma coisa.

O vegetarianismo é pois tão simples. Os vegetarianos não se lamentam porque têm o sangue. Eu não me dou por apostólico diante desta grande doutrina. Creio até que os temos aqui, anteriores à grande revolução que hoje aproximação! — no próprio conselho municipal. Só assim explico a nota jovial que entra em alguns debates sobre assuntos graves e gravíssimos.

Machado de Assis. Carnívoros e vegetarianos. In: A Semana, 1891 (com adaptações).

Ainda com base no texto V, julgue (C ou E) os itens que se seguem, relativos a seus aspectos morfossintáticos e semânticos.

Texto do item:

No terceiro período do último parágrafo, emprega-se a forma pronominal do verbo dar, cujo significado se assemelha ao do verbo ver em estrutura pronominal, embora as formas se distingam no que se refere à regência verbal.

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A afirmativa está CERTA.

No terceiro período do último parágrafo, que diz: "Eu não me dou por apostólico diante desta grande doutrina.", emprega-se a forma pronominal do verbo "dar", na construção "dar-se por". Nessa expressão, "dar-se por" significa "considerar-se", "julgar-se", "reconhecer-se como". Assim, "não me dou por apostólico" equivale a "não me considero apostólico".

Esse sentido se assemelha ao do verbo "ver" em estrutura pronominal, como em "ver-se", que também pode significar "considerar-se" ou "perceber-se". Por exemplo, "Eu não me vejo apostólico diante desta grande doutrina." Neste caso, o verbo "ver" é utilizado com pronome reflexivo e pode ser acompanhado da preposição "como".

A diferença está na regência verbal. No caso de "dar-se por", o verbo rege a preposição "por" (dar-se por algo), enquanto em "ver-se", a construção pode ocorrer com ou sem preposição, mas frequentemente utiliza-se "como" (ver-se como algo). Portanto, embora os verbos "dar-se por" e "ver-se" possam ter significados similares de autopercepção ou autoavaliação, eles diferem em sua regência:

  • Dar-se por: exige a preposição "por".
    • Exemplo: "Ele se deu por vencido."
  • Ver-se: pode ser usado com ou sem preposição, comum com "como".
    • Exemplo: "Ela se vê como líder."

Portanto, a afirmativa está correta ao afirmar que, no trecho citado, a forma pronominal do verbo "dar" tem significado semelhante ao de "ver" em estrutura pronominal, porém com diferenças na regência verbal.


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