Claramente, eu não tenho. Em 2023, cai da posição 27 para a posição 100, entre a primeira correção da terceira prova e a recorreção, despois de toda a lambança do IADES. Perdi 22 pontos, enquanto a maioria dos candidatos ganhou, na média, 30 pontos. Em uma questão de história, minha nota variou de 17 para 5. Não fui o único que teve má sorte na recorreção. O antigo terceiro colocado, quando da divulgação do resultado provisório da terceira fase, caiu lá para a posição 60 e tanto. Mas o candidato que perdeu mais pontos e que caiu mais posições. Todo esse processo (muito traumático), me fez pensar muito sobre a influência do fator “sorte” e da aleatoriedade nesse concurso. Sorte de cair uma questão sobre o tema que você estudou na véspera, sorte de estar em uma sala com ar condicionado ligado em um dia de calor, sorte de pegar um corretor “mão leve”, sorte de a sua questão não ser a primeira (maior rigidez) nem a última questão (maior cansaço e maior probabilidade de não ter a resposta sequer lida) corrigida pelo corretor. A aprovação no CACD depende de uma série de fatores, e a sorte é um deles. É evidente que você tem de estudar, de esforçar-se e buscar cobrir todo o edital, mas tudo isso ser em vão, se você tiver má sorte. Você ai, leitor e leitora, é uma pessoa de sorte?
Eu consigo imaginar o que você deve estar sentindo!
Mesmo não sendo nem perto do que você relatou, em 2013 e 2014 eu estava dentro da nota de corte da primeira fase, mas as mudanças de gabarito reduziram a minha nota. Eu tinha “adivinhado” a intenção da banca e “acertado” o gabarito. Mas alguma imprecisão acabou levando à anulação e subindo a média! Isso foi um baque grande e recomeçar os estudos acabava sendo mais difícil…
Força que você vai chegar lá! Está com um pé lá dentro já!
Caraca, Romeu, que história mais traumática! Força! Essa do terceiro colocado então, nem se fala também. Olha, não acredito em sorte, já que podemos trocar por aleatoriedade/margem para arbítrio no sistema de correção. “Sorte” soa para mim pensamento um tanto mágico, como se houvesse forças intencionais por detrás dos acontecimentos (sei que não foi isso que você quis dizer, mas tenho problemas com o esse termo, pois ele pode carregar essa semântica). Além disso, há a evidente falta de cuidado (por que não incompentência mesmo, para realizar a prova) da banca. Enfim, acho que seria bom, isso sim eu acredito, se preparar emocionalmente para lidar pessoalmente com essas variantes, com a aleatoriedade do sistema. Lidar com as emoções é quase sempre menosprezado por quem se prepara para o concurso. Mas, treino é treino, jogo é jogo; é difícil saber lidar até quando acontecer de fato, como aconteceu com você, Romeu. Abraços e força!
Sorte é sim um fator!
Não tenho dúvida de que digamos as primeiras 50 pessoas estão no mesmo nível em matéria de “proficiência” no CACD. Algumas com mais pontos fortes em uma disciplina, outros em outras. Mas todos c potencial p aprovação no “curto prazo” daquele ano específico.
Em um cenário uma questão de décimos decide quem fica e quem passa nas vagas, não tem como argumentar que sorte não tem aí um papel.
Mas no “longo prazo” do CACD, resiliência é um fator muito mais determinante.
Suportar aquela falta de sorte em um ano, a arbietrariedade na correção de terceira fase, a cagada de um gabarito que foi anulado e deveria, e por aí vai é foda. Pouca gnt fala sobre o quanto o fator “resiliência” é importante.
CACDista é, antes de tudo, um forte!
@Adriano você tem toda no razão no que se refere ao preparo emocional. Inclusive, acredito que esse ponto se relaciona com o que a @Diplocat comentou sobre resiliência.
É preciso estar preparado para lidar com as diversas frustrações que o estudo para o CACD impõe. Na preparação, a única certeza é a reprovação, enquanto a aprovação é uma possibilidade que depende da nossa capacidade de lidar com as reprovações.
Ainda sobre a questão da sorte, li um artigo muito interessante sobre o tema. Pela primeira vez, comprovaram, por meio de um modelo estatístico, que “if it is true that some degree of talent is necessary to be successful in life, almost never the most talented people reach the highest peaks of success, being overtaken by averagely talented but sensibly luckier individuals.”
Mencionaram esse artigo em um episódio do podcast Naruhodo e resolvi pegar para ler. Muito interessante. Segue o link: https://www.worldscientific.com/doi/abs/10.1142/S0219525918500145
@RomeuSantos, muito legal! Intessante mesmo, não conhecia. E o artigo está aberto para leitura, sensacional. Achei interessante ainda mais para relativizar um pouco mais o “paradigma meritocrático” como ideologia para “premiar” os mais “capazes” (ideologia no sentido de falseamento da realidade, mas que justifica a distribuição desigual de bens; claro, esse não é o único sentido de ideologia, mas isso já é outra história). Também achei muito legal pelo fato de eles, embora não explicitamente, trocarem, em alguns momentos, o termo sorte por aleatoriedade, ou seja, esta seria o “hidden ingredient” que faz pessoas talentosas medianas se destacaram das outras pessoas também talentosas, ou até mais talentosas, se entendi bem o argumento. O trecho vem um pouco antes da cidação que vc mencionou: “Such a discrepancy between a Normal distribution of inputs, with a typical scale (the average talent or intelligence), and the scale-invariant distribution of outputs, suggests that some hidden ingredient is at work behind the scenes. In this paper, we suggest that such an ingredient is just randomness.” No contexto europeu (eles são da Uni. de Catania, não?), com um pouco menos de desigualdade educacional e econômica em comparação com nossa quebrada latino americana, a aleatoriedade pode ser mais evidente… não sei, isso seria uma hipótese. Mas é legal porque pode se aplicar no contexto do “TOP cerca de 500 candidatas/os” para o CACD, já que essa galera, cada um com sua trajetória, claro, estão bem próximos em termos de preparação (ou “talento”). Enfim, meu problema talvez seja muito mais com o “nome” sorte do que com o conteúdo (aleatoriedade), já que nenhuma categoria é vazia. Obrigado pela referência! Um abraço!
Não cheguei a levar um tapetão do tamanho que a recorreção deu em você, Romeu, mas também vi muita gente ganhando pontos, enquanto eu não me beneficiei em nada. Não sei o que tirar disso, mas acho que não dá pra dizer que tive muita sorte haha.
Acho muito temerário admitir a sorte como um dos fatores de êxito no CACD. Prefiro acreditar que uma previsível e excelente preparação possa dar conta do recado.
Uma previsível e excelente preparação é fundamental para te levar até determinado patamar, que é o de candidato competitivo. Pela minha experiência, acho que esse pelotão é composto por cerca de 100 pessoas. O problema é que temos poucas vagas, e, no final, são décimos que separam o último dos aprovados do primeiro dos reprovados. Ter sorte é fundamental. Converse com aprovadas e aprovados no último concurso, pois eles seguramente vão confirmar isso.