(CACD 2025) item 69 - (História do Brasil). A participação de intelectuais como Mário de Andra

Enunciado:

A sociedade brasileira passou por mudanças significativas ao longo do século passado. A respeito de aspectos sociais e culturais desse período, julgue os itens a seguir.

Texto do item:

A participação de intelectuais como Mário de Andrade, expoente do movimento antropofágico, na proposição de uma política estatal de memória pública, com a criação do Serviço Histórico e Artístico Nacional,/garantiu, em inícios do Estado Novo, a valorização de diferentes matrizes culturais na definição de patrimônio histórico e artístico nacional.

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Gabarito sugerido: C
Mário de Andrade participou da redação do anteprojeto que resultou no Decreto-Lei nº 25/1937, criador do SPHAN. Inspirados no modernismo, ele, Rodrigo Melo Franco, Lúcio Costa e outros defenderam um conceito ampliado de patrimônio, que incluía não só monumentos coloniais eruditos, mas bens ligados às heranças indígena, africana e populares. Os primeiros tombamentos – como as ruínas das Missões (arte indígena-jesuítica) e o barroco mineiro – mostram essa preocupação com variadas matrizes culturais. Assim, sua atuação efetivamente assegurou, no início do Estado Novo, a valorização de múltiplas origens na política de memória pública.


Comentário automático feito pela inteligência artificial do Clipping.ai apenas para referência. Comentários dos nossos professores virão a seguir.

MdA foi expoente do modernismo, não da antropofagia, que tinha como expoentes Oswald de Andrade, Tarsila de Amaral e Raul Bopp.

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Eu errei esse item, mas, pesquisando agora vi que o IPHAN foi criado em janeiro de 37, enquanto o golpe de Estado Novo é só em novembro, então acho que o erro é a expressão “início do Estado Novo” apenas.

gabarito - CORRETO

“… se engajou no
Ministério da Educação e da Saúde, onde participou da elaboração do
projeto de instituição do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, o SPHAN, criado em 1937, e de outras iniciativas em defesa do
patrimônio cultural brasileiro num sentido amplo: as músicas e o
cancioneiro popular, as festas, os saberes e os ofícios, a língua.
Mario de Andrade se movia e defendia a atuação cultural do Estado, em
uma área de não oposição entre o erudito e o popular, na qual “ser nacional”
significava combinar esses dois pares: nacional/universal e popular/erudito.”

História do Brasil Nação - Vol 04 - pg. 289

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Correta.
Segundo o IPHAN (Notícia: Mário de Andrade - IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional):

"Desde sua primeira obra, Há uma Gota de Sangue em Cada Poema, de 1917, transparece a multiplicidade de interesses e um olhar amplo sobre a nossa cultura, em um espectro que compreende as manifestações de vanguarda como Macunaíma e o já citado Paulicéia Desvairada até o resgate de nossas mais caras tradições artísticas e culturais, como por exemplo, Modinhas Imperiais e oTurista Aprendiz, relato de suas andanças e descobertas pelas regiões Nordeste e Norte da década de 20 até os anos 30, e trouxeram à tona um Brasil esquecido, porém rico e diverso de manifestações, como o Maracatu, a Marajuda, o Cavalo Marinho, o Pastoril, o Coco, o Bumba meu Boi e tantas outras ocorrências da fusão de folguedos, danças, músicas de origem ibérica, africana e indígena.

Sua relação com a preservação de nossa memória e patrimônio é visceral. Em 1920 fruto de sua primeira viagem a Minas em 1919, publica Arte Religiosa em Minas Gerais, sobre os monumentos e igrejas das cidades mineiras do ciclo do ouro. Participa da lendária viagem a Minas, de 1924, em companhia de Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e do poeta e escritor francês Blaise Cendrars, que redescobrem o barroco como uma manifestação legítima de nossas mais caras raízes e matrizes, e Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, como seu mais importante intérprete.

Na década seguinte, em 1936, aceita o convite do então Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, para redigir o anteprojeto de criação do futuro SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado em 1937 e que teve como primeiro diretor Rodrigo Melo Franco de Andrade."

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Encontrei na página 254 da edição de 2013, para facilitar a referência

Particularmente marquei o item como Errado pelo termo garantiu. Ainda que não se negue a participação de Mario de Andrade (expoente do modernismo como exposto n’outro comentário) no SPHAN, afirmar que ele garantiu a valorização de diferentes matrizes culturais parece um tanto ufanista (estávamos falando de Estado Novo, afinal).

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Pensei nisso também, mas não acho que invalida, o recurso que fiz

Prezada banca, solicito a alteração do gabarito para CERTO.

Apesar de minoritária, a inclusão de intelectuais de vanguarda, como Mário de Andrade, garantiu a inclusão e valorização de diferentes matrizes culturais na definição de patrimônio histórico e artístico nacional, conforme a bibliografia:

“Se a vertente modernista conservadora foi vitoriosa no interior da doutrina estado-novista, o regime não exclui a colaboração de outros
intelectuais que defendiam projetos culturais mais inovadores, como é o caso de Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade.” (O Brasil Republicano, Vol 2; pg 181).

“… se engajou no Ministério da Educação e da Saúde, onde participou da elaboração do projeto de instituição do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o SPHAN, criado em 1937, e de outras iniciativas em defesa do patrimônio cultural brasileiro num sentido amplo: as músicas e o
cancioneiro popular, as festas, os saberes e os ofícios, a língua. Mario de Andrade se movia e defendia a atuação cultural do Estado, em uma área de não oposição entre o erudito e o popular, na qual “ser nacional” significava combinar esses dois pares: nacional/universal e popular/erudito.” (História do Brasil Nação - Vol 04 - pg. 289).

“A reivindicação de uma identidade nacional, ou de uma ‘orientação brasileira’, como dizia o escritor Mário de Andrade […] foi a forma organizadora, por excelência, dos discursos sobre a cultura […] que desaguaram na institucionalização de uma política cultural que, no Brasil, se consolidou a partir do Estado Novo.” (História do Brasil Nação, v. 4, p. 260-261).

Diante do exposto, solicito respeitosamente a alteração do gabarito para CERTO.

INCORRETO

  1. Mário de Andrade e o movimento antropofágico
    • Mário de Andrade foi, de fato, um intelectual central do modernismo e participou do movimento antropofágico nos anos 1920-1930.

    • O movimento antropofágico propunha a “digestão” da cultura estrangeira” e a criação de uma identidade brasileira autônoma.

    • Importante: ele não estava diretamente vinculado ao governo de Vargas na formulação de políticas estatais no início do Estado Novo (1937).

  2. Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN)
    • Criado em 1937, ainda no início do Estado Novo, mas foi mais iniciativa governamental do que resultado de pressão de intelectuais modernistas.

    • O SPHAN tinha como objetivo proteger bens históricos e artísticos, mas a participação de Mário de Andrade como definidor da política cultural estatal não foi tão determinante nesse início.

  3. Problema do enunciado
    • Afirma que Mário de Andrade “garantiu” a valorização de diferentes matrizes culturais → exagero, pois o governo de Vargas controlava a política cultural e o SPHAN refletia valores estatais e nacionalistas, não exclusivamente modernistas ou pluralistas.

    • No início do Estado Novo, havia forte centralização e controle cultural, nem sempre promovendo diversidade cultural.

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