Questão 29 item 1 - (Direito - 1a Fase - CACD 2024). Conforme decisão do Tribunal Penal Internacional (

Enunciado:

Considerando a definição e os elementos constitutivos do Estado, julgue (C ou E) os itens a seguir.

Texto do item:

Conforme decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), sua jurisdição se estende a crimes cometidos no território de Estado-parte no Estatuto de Roma, sendo desnecessário determinar a existência dos elementos essenciais para que este Estado-parte seja considerado Estado conforme o direito internacional geral.

Participe das discussões abaixo gratuitatmente. Caso não tenha conta no ClippingCACD, basta criar uma conta gratuitamtente. Não é necessário assinar para participar.
Fez a prova? Junte-se ao ranking e confira o gabarito em https://depoisdaprova.com.br .

Afirmativa Correta.

Justificativa:

Para avaliar se a afirmativa é correta ou errada, é necessário compreender os elementos constitutivos do Estado no Direito Internacional e como o Tribunal Penal Internacional (TPI) exerce sua jurisdição.

1. Definição e Elementos Constitutivos do Estado:

Segundo a Convenção de Montevidéu sobre Direitos e Deveres dos Estados (1933), um Estado, para ser reconhecido como tal no Direito Internacional, deve possuir os seguintes elementos essenciais:

  • População permanente: existência de um grupo humano que habita o território.
  • Território definido: área geográfica delimitada onde o Estado exerce soberania.
  • Governo efetivo: autoridade que exerce o poder e administra o Estado.
  • Capacidade de entrar em relações com outros Estados: aptidão para estabelecer relações diplomáticas e cumprir obrigações internacionais.

Esses elementos são amplamente reconhecidos pela doutrina e prática internacional como requisitos para a existência de um Estado soberano.

2. Jurisdição do Tribunal Penal Internacional:

O TPI foi estabelecido pelo Estatuto de Roma (1998) e iniciou suas atividades em 2002. Sua jurisdição é complementar às jurisdições penais nacionais e se baseia nos seguintes critérios:

  • Competência ratione loci (em razão do lugar): O TPI tem jurisdição sobre crimes cometidos no território de um Estado Parte no Estatuto de Roma.
  • Competência ratione personae (em razão da pessoa): O TPI pode julgar crimes cometidos por nacionais de Estados Partes.
  • Competência ratione temporis (em razão do tempo): O TPI só pode julgar crimes cometidos após a entrada em vigor do Estatuto para o Estado em questão.
  • Competência ratione materiae (em razão da matéria): O TPI julga os crimes mais graves de alcance internacional: genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e o crime de agressão.

3. Desnecessidade de Determinar os Elementos Essenciais do Estado:

Quando um Estado ratifica o Estatuto de Roma e se torna Parte, o TPI reconhece sua jurisdição sobre crimes cometidos em seu território ou por seus nacionais, sem a necessidade de verificar se esse Estado atende aos elementos essenciais de um Estado conforme o Direito Internacional geral.

Isso ocorre porque o processo de adesão ao Estatuto de Roma envolve o reconhecimento político e jurídico por parte da Assembleia dos Estados Partes do TPI. Ao aceitar a adesão de um Estado, os demais Estados Partes e o TPI passam a reconhecer a jurisdição sobre o território e as pessoas daquele Estado, independentemente de discussões sobre sua condição estatal segundo o Direito Internacional geral.

Exemplo Prático: Caso da Palestina

Um exemplo ilustrativo é o caso da Palestina:

  • A Palestina depositou seu instrumento de adesão ao Estatuto de Roma em 2015, tornando-se um Estado Parte.
  • Embora a condição de Estado da Palestina seja objeto de debate internacional, o TPI aceitou sua adesão.
  • Em 2021, a Câmara de Primeiras Instâncias do TPI decidiu que a jurisdição do Tribunal se estende ao território palestino ocupado por Israel desde 1967 (Gaza e Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental), sem necessitar determinar se a Palestina atende aos elementos essenciais de Estado conforme o Direito Internacional geral.

Essa decisão demonstra que o TPI exerce sua jurisdição com base no Estatuto de Roma e na adesão formal dos Estados, não sendo necessário reavaliar a condição estatal segundo critérios gerais.

Conclusão:

Portanto, conforme a prática e decisões do TPI, sua jurisdição se estende a crimes cometidos no território de Estados Partes no Estatuto de Roma, sem a necessidade de determinar a existência dos elementos essenciais para que esses Estados sejam considerados como tais conforme o Direito Internacional geral.

Referências:

  • Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional.
  • Convenção de Montevidéu sobre Direitos e Deveres dos Estados (1933).
  • Decisões do TPI relativas à jurisdição sobre a Palestina.

Resposta: Certa.


Comentário automático feito pela inteligência artificial do Clipping.ai apenas para referência. Comentários dos nossos professores virão a seguir.

O item está certo. No caso de crimes cometidos no território da Palestina, o TPI reconheceu sua competência para exercer sua jurisdição em virtude do fato de que a Palestina figura como parte do Estado de Roma. O entendimento do TPI sobre a aplicação do artigo 12 do Estatuto de Roma permite que esse Tribunal atue no julgamento de crimes praticados no território de um Estado-parte, sem que isso configure uma análise de mérito sobre o fato desse Estado-parte apresentar os 04 elementos constitutivos do Estado previstos no art. 1º da Convenção de Montevidéu sobre os Direitos e Deveres dos Estados de 1933 (território, governo, população e capacidade de manter relações internacionais).